as metamorfoses do ser
inventei de dizer que o tempo tem água
só para dizer como tua carne é úmida
e brotam raizes de maçãs mordidas
como fazem as lendas
de outras margens
Um dia pinguei um sopro
no odor das palavras
só para dizer
como tua linguagem é lírica:
dobra ao meio
e se reparte em triplo.
Disseram-me que as salivas
se despem diante da boca
só para entender como tua alma é nua:
dormi abraçado no tempo
ainda que para desentender-me
da hora efêmera.
Enfim
fui pra paisagem só para roubar-me
de tua janela:
só por pouco não me tranformo em ti.