Rejeitos
Nos caminhos da desleal singeleza humana
Suscito em todos desmedida atenção
Olhares se voltam ao derradeiro pagão
Que raiva e pesar do coração emana
Enleados preceitos da mesquinhez me negam socorro
Os ladrilhos da rua me sussurram ao pé do ouvido
Que o indigente por aqui não é bem recebido
E a vil cidade me repele em coro
Atirado ao nada como indigno doente
Com total desespero amputo meu abalado ego
E se, por ventura, agora me oferecerem ajuda, eu nego
Induziram em mim um infundado crente
Prossigo a vida acreditando no que conferiram a mim
Um ajudante do que me indeferiram até a morte
Carrego pelo infindável universo essa sorte
Que tenuamente me levaria ao fim.
André Fernandes