CASTIGO
Aceito confortavelmente o teu duro castigo
Assino a regra que me foi apresentada
Sobras esquecidas, alimentação que mastigo
Das condição por algum motivo representada
Pelo silêncio no papel de verdadeiro protagonista
Minha defesa na condição de vilão antagonista
Como se fosse uma velha personagem aposentada.
Vou sobrevivendo dos milagrosos comentários
Cheios de esperanças quando eles são escritos
Mais valiosos que os altos saldos monetários
Fazendo-me esquecer da podridão dos detritos
Que me obrigam a respirar o maléfico odor
Misturado com lágrimas produzidas pela dor
De um universo com vários costumes restritos.
Lutando com as poucas forças que ainda me restam
Tentando o equilíbrio encontrar uma solução
Ouvindo vozes que as minhas teses não prestam
Que estou distante da tão desejada evolução
Entre o sono e o sonho há inúmeros rabiscos
Que se transformam num amontoado de riscos
Jogados ao vento sem exigir um dia a devolução.
Na única porta aberta sigo cambaleante a esmo
Desejando encontrar uma mão que me sustente
Sem saber se realmente aquele sou eu mesmo
Que um dia fora um sujeito muito insistente
Passando a ser um poeta velho e sem inspiração
Pois sucumbiu nas estratégias da conspiração
Responsável por eu viver num mundo inexistente.