CASTIGO

Aceito confortavelmente o teu duro castigo

Assino a regra que me foi apresentada

Sobras esquecidas, alimentação que mastigo

Das condição por algum motivo representada

Pelo silêncio no papel de verdadeiro protagonista

Minha defesa na condição de vilão antagonista

Como se fosse uma velha personagem aposentada.

Vou sobrevivendo dos milagrosos comentários

Cheios de esperanças quando eles são escritos

Mais valiosos que os altos saldos monetários

Fazendo-me esquecer da podridão dos detritos

Que me obrigam a respirar o maléfico odor

Misturado com lágrimas produzidas pela dor

De um universo com vários costumes restritos.

Lutando com as poucas forças que ainda me restam

Tentando o equilíbrio encontrar uma solução

Ouvindo vozes que as minhas teses não prestam

Que estou distante da tão desejada evolução

Entre o sono e o sonho há inúmeros rabiscos

Que se transformam num amontoado de riscos

Jogados ao vento sem exigir um dia a devolução.

Na única porta aberta sigo cambaleante a esmo

Desejando encontrar uma mão que me sustente

Sem saber se realmente aquele sou eu mesmo

Que um dia fora um sujeito muito insistente

Passando a ser um poeta velho e sem inspiração

Pois sucumbiu nas estratégias da conspiração

Responsável por eu viver num mundo inexistente.

Antonio dos Anjos
Enviado por Antonio dos Anjos em 16/03/2011
Código do texto: T2852674
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