(((((:::::1001(a) NOITES:::::)))))


São mil e umas, as noites em que bato à tua porta
e tu vens abrir e não me reconheces
e tu vieste abrir e viste-me
como um náufrago sussurrando qualquer coisa
que ninguém compreendeu.

E de súbito tudo era apenas
lábios pálpebras intumescências
cobrindo o corpo de flutuantes volteios
de palpitações trémulas adejando pelo rosto.

Beijava os teus olhos por dentro
beijava os teus olhos pensados
beijava-te pensando
e estendia a mão sobre o meu pensamento

E tu foste sempre a praia jamais alcançada
impossibilidade desejada
de apenas poder pensar-te.

São mil e umas as noites
em que bati à tua porta
Hoje resolvi desistir.
Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 16/03/2011
Código do texto: T2852371
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