RODOPIOS
Volteiam dentro de mim,
Em rodopio, em novelos,
Milagres, borboletas, castelos,
Forças de luz, sons e pesadelos,
Altas torres de marfim.
Estátuas de herois,
cores intensas de intermináveis sóis
lanças, mastros e faróis...
Aspas em vozes,
Letras de fogo e punhais;
Há execuções capitais,
Regressos e constantes apoteoses.
Há mãos brancas e sagradas,
Há velhas cartas rasgadas,
Há bolhas e sonhos de ar,
Perfumes de longas ilhas,
Amarras, elmos, troféus e quilhas -
Tantas, tantas maravilhas
Que não se pode sonhar!..
Há vislumbres de não-ser,
do vago de incansáveis neblinas;
Há espaços, poços e minas,
Meandros, miragens e ravinas
Que não ouso percorrer...
Há guardados silenciados
retratos empoeirados
Há um coração amordaçado
suspirando, aflito e apaixonado
louco para ser amado.