NADA MUDOU
Nada mudou... ou quase nada
Eles permanecem caiados
Hipocrisia tem sido considerada virtude
E César continua recebendo o que não lhe é devido
Há os que se arrogam teus discípulos
E auferem santidade pelas orlas dos vestidos
Preclaras figuras freqüentam
Templos luxuosíssimos
De finíssimo acabamento e requintado mobiliário
Tem sido vilipendiado
O corpo onde fazes morada
Habitat do Espírito Santo, o etéreo santuário
Fizeram da tua imagem
Objeto de transação
Mercadeiam a tua mensagem
Falseiam com a verdade
Produzem alienação
Nada mudou... ou quase nada
Tergiversam com palavras
Segundo conveniências
E afirmam que tu as disseste
Batem no peito jactanciosos pelo status recebido
Às expensas do dízimo oferecido
A economia é complexa, com termos extravagantes
Over nigth, open market, câmbio, desindexação
Mas o velho amor ao dinheiro
Raiz de todos os males, não mudou, permanece
Põem a culpa na inflação
Nada mudou... ou quase nada
Ainda há gente sincera
Crentes no amor e na justiça
Que sabem que liberdade só na luta se conquista
São por isso objugados, como tu também o fora
Não esmorecem, persistem, são chamados "comunistas"