VOZ DO MAR


Tantas dores dos naufrágios escondidos
Junto do mar deitei-me tristemente,
e suas ondas se erguiam gravemente
Tentando num abraço me consolar

E o interroguei, cismando, esse lamento
na imensa extensão, onde se esconde
O inconsciente inexplicável do infinito
das inconstâncias - a razão não me responde.

Ouço apenas um bramido
um queixume a deslizar sobre a espuma pálida
nada mais... além da água farta
a molhar meus pés cansados de um nada

Ah, se não fosse o mar...
talvez eu aceitasse o freio
e meu coração teria ao invés de asas, um arreio
Não existiria sequer a brasa viva que desafia o sol.
tampouco minha voz se ergueria ao vento, feito roxinol

Se não fosse o mar...
Não construiria castelos e nuvens no céu
tampouco meu canto seria flor e mel,
Não seria, não sentiria, não viveria...
e de certo o tempo seria uma grande agonia

Se não fosse o mar...
nada mais seria grande,nobre e doloroso
nada mais seria tão trágico e profundo
nada mais seria tão soberano e obscuro
de certo que eu não saberia amar.


Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 16/03/2011
Código do texto: T2851617
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