Mistério.
Ao longe olhei e vi um vulto.
Que vinha em minha direção.
Meu coração quase saltou na mão.
Pensei que fosse uma ilusão.
Talvez até uma assombração
Ou que fosse algo da imaginação.
Era noite estava uma escuridão.
Mas quando se aproximou.
E do meu lado se achegou.
Em minha mão logo pegou.
Meu corpo todo se arrepiou.
E meu sangue congelou.
Como num passe de mágica.
Uma nevoa apareceu.
Nossos corpos escondeu.
E num instante como por encanto.
A nevoa desapareceu.
Fiquei a observar onde foi que vim parar.
A olhar ao redor vi corpos deitados no chão.
A morte tinha arrancado a vida de seus corações.
Todos curvados pelo fio da espada sem compaixão.
Velhos jovens e crianças deixaram ali suas esperanças.
Com os meus olhos fechados.
E em pensamento orando.
Para Deus desse lugar me tirar.
Ou deste pesadelo me acordar.
Não iria suportar a morte iria me levar.
Quando os olhos abrir.
Em minha frente ela quem vi.
Estava ali a sorrir.
De susto quase morri.
E em minha mão novamente pegou.
E o meu sangue descongelou.
E meu corpo começou a esquentar.
Quase que se a incendiar.
E em seu olhos duas chamas a brilhar.
Estava ali paralisado sem palavras pra falar.
Então meu corpo começou a desnudar.
Como se fosse um ritual.
Não sei e do bem ou do mal.
Corpos ao chão espalhados.
Com os olhos arregalados.
Aquela cena a contemplar.
Sobre uma lapide a me amar.
Entre sussurros e gemidos.
Ouvem-se gritos de horror e pavor.
A noite inteira sem parar.
E a noite ia passando.
Com o amanhecer chegando.
Antes que o sol surgisse.
Por traz das montanhas se levantasse.
Foi assim pra mim falando.
Quase que as frases cantando.
Tenho que partir agora.
Tenho que ir embora.
Chegou a minha hora.
Para a minha morada voltar.
Em meu leito vou deitar.
E nunca mais me levantar.
O meu desejo consegui realizar.
Então de repente num estrondo escomunal.
Em minha frente se abriu um grande portal.
Do outro lado um cemitério cheio de chacal.
Foi para lá que seguiu e no túmulo entrou.
E a lapide fechou e com fogo selou.
Antes do portal se fechar.
Pude ver ainda ao fundo.
O anjo da morte a observar.
Montado em seu cavalo negro.
E em sua mão uma espada flamejante.
E do lado de cá fiquei a pensar.
Que a muitos segredos a se revelar.
Deste sonho cheio de pesadelo.
E muitos mistérios para desvendar.
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Valentim Eccel