E JÁ NÃO MAIS PODIA SER



Velas náufragas,
vagando sobre o
imenso mar,
desconectadas vidas
que se puseram
ao largo
sopradas por
tempestades impiedosas...
oh brancos e retorcidos véus
de noivas mortas
nos seus caixões...
brancos lírios
para o amado morto
em sua quietude
indecifrável...

Velas náufragas,
donzelas olhando
para o mar sem fim,
enquanto seu Amor
resta para sempre em
barco sepultado
e os mares revelam
 o triste das profundezas
a esquartejar em ondas
o  olhar delas de abismo...

nenhum verso tingirá
de cores exatas
esta dor de escuridão
de ausência, abandono
qual garras rasgando
o peito em tiras!

já se altera a luz do dia
e lá está em imóvel candura
etérea e altiva aquela que
se debate em ânsias 
de também partir
pois inútil é a espera por quem
já habita as profundezas...

pés pregados nas rochas
mãos inertes e frias
voz silenciada,  lábios
trêmulos enquanto pássaros
 vão em busca de abrigo
e no cinza do céu surgem 
estrelas faiscantes...

         .....................................       
 
... a noite virá sobre as voragens
sobre toda a amargura e
então lamberemos as feridas
como cães  vadios sob as marquises
 e nos conformaremos 
e talvez choremos ao ouvir 
aquela música,  pedaço de
momento, sutil encantamento
quando ainda podia ser,
quando ainda era tempo,
ah, o tempo...
 de que é feita
essa tua essência fugidia
e por que me roubas
o que tanto quero,
o tempo e a distância
desabam sobre minha
perplexidade e me
lesam
brancas velas pairam
na borda do
sonho... e sonho...

                               
                      20 de junho de 2008.  
                                
tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 16/03/2011
Código do texto: T2850840
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