DENTRO DO SILÊNCIO

Subo as escadas

Arfando e querendo chegar

Sei o que me espera lá dentro:

Nada.

Mas o nada que é meu e ninguém pode tomar

É o meu nada que me completa depois

De um dia cheio de gente de plástico

Cheio de sorrisos metálicos

Cheio de horas sobrando

Como se o dia nunca fosse ficar vazio!

Ah, mas fica, sim, fica!

Quando atravesso o limiar da porta

E tiro a roupa suja e solto o cabelo sujo e acendo meu cigarro amassado:

Nada de gente, de sons ou de respostas...

Ou de snague preso na aorta

Querendo escorrer

Meu Paraíso é um apartamento vazio

Um banho de chuveiro e o frio

Que faz meu corpo tremer

E a espuma escorrer

Como um beijo que ele nunca me deu

Um copo cheio

De gozo e álcool

Um cigarro aceso e um som leve ou pesado

Quebrando o silêncio que eu esperei o dia todo

Ouvir fora como ouço agora

Dentro de mim, enfim!

Iama K
Enviado por Iama K em 15/03/2011
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