DENTRO DO SILÊNCIO
Subo as escadas
Arfando e querendo chegar
Sei o que me espera lá dentro:
Nada.
Mas o nada que é meu e ninguém pode tomar
É o meu nada que me completa depois
De um dia cheio de gente de plástico
Cheio de sorrisos metálicos
Cheio de horas sobrando
Como se o dia nunca fosse ficar vazio!
Ah, mas fica, sim, fica!
Quando atravesso o limiar da porta
E tiro a roupa suja e solto o cabelo sujo e acendo meu cigarro amassado:
Nada de gente, de sons ou de respostas...
Ou de snague preso na aorta
Querendo escorrer
Meu Paraíso é um apartamento vazio
Um banho de chuveiro e o frio
Que faz meu corpo tremer
E a espuma escorrer
Como um beijo que ele nunca me deu
Um copo cheio
De gozo e álcool
Um cigarro aceso e um som leve ou pesado
Quebrando o silêncio que eu esperei o dia todo
Ouvir fora como ouço agora
Dentro de mim, enfim!