DELÍRIO EMBRIAGANTE


A distância rasga-nos por dentro
trazendo um outono cinzento
num inverno, sem luz nem eco,
enquanto segura pela mão o fio
obscuro de nós mesmos

Penso com os olhos e com os ouvidos
e deito sobre o véu da realidade o fruto sentido
E fecho os olhos quentes, em lágrimas consolantes
a provar dos lábios sonhados - um néctar viciante

Bem sei que me iludo ter-te assim num instante
Mas o que será de mim, sem o delírio embriagante?
Renego a tristeza e meto-me a dentro do horizonte
quem sabe assim - esqueço a dor- e bebo da fonte
onde repousa a minha felicidade constante.

Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 15/03/2011
Código do texto: T2850498
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