Metamorfose
Movo-me na poesia
Como a lagartinha que passeia no tronco da velha árvore centenária.
A escolher um galhinho para fixar seu casulo atrás de uma folhinha
E aguardar a metamorfose.
Ela precisa ficar abrigada
Da chuva,
Do vento,
Do sereno,
Da madrugada,
Protegida do seu predador.
Até que o casulo se rompa e ela saia com as asas amarrotadas
Para secar-se ao sol e alçar seu vôo de liberdade.
Exatamente assim vou passeando como quem não quer nada
No tronco da árvore vidária,
Procurando um galhinho do tempo
Para pendurar meu casulinho poeta
Longe do meu predador...
Que esbofeteia meus versos,
Tenta arrancar-me as asinhas,
Insiste que eu desencante.
Mas é que aprendi com a lagartinha
A proteger o meu casulo atrás de uma folhinha
E quanto o casulo romper,
Secarei minhas asas ao vento.
E Voarei como a borboletinha, livre nos versos,
Pelo universo da poesia.
Bem longe do seu alcance.