O TEMPO


O tempo vive a refrescar a sede
em loucuras ou entoando hinos,
desejos e prazeres, rezas e desatinos;

O tempo que secou, mas que deixou raízes,
e em verde renascerá...
Na solidão em que, livre está.

Silente sol com chama mais segura,
cada um dos dias mais espaço dura,
e a hora, sem ter voz, desengana.

Não contes por ponteiros os anos;
teu calendário impõe as colheitas;
das primaveras as folhas secas

De tudo quanto ignoras te aproveitas;
pisas todo o teu mundo sem enganos.
não busque prêmios e não padecerás de danos,

Pois mais se vive, quanto mais te estreitas.

Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 15/03/2011
Código do texto: T2848714
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