Palavras não ditas
Coisas das quais se quer falar, mas não se pode
Coisas das quais se quer falar, mas não se deve
Coisas das quais se quer falar, mas não são faladas
Como tirar esse incômodo do coração
Se as palavras que lá estão
Como pequenas pedrinhas
Não são ditas
Pequenas pedrinhas no sapato
Uma pequena dorzinha a cada passo
Uma ferida aberta após um longa caminhada
De onde vem a falta de coragem?
Vem de quem a gente ama?
Vem do imagem que almejamos?
Vem dos sonhos que ainda esperamos realizar?
Parar, descalçar e tirar a pedra do sapato.
Mas ela não está lá.
Não está solta, a espera de sacolejo, para ser logo jogada de volta ao solo, e reintegrada à sua origem.
Está encondida.
Mas onde estão escondidas
Pedra, palavra e falta de coragem?
Escondamos também as feridas
Inventemos um novo andar gingado
Para disfaçar o mancar do pé sangrando
Disfarcemos os suspiros com canções, soluços e cigarros (valei-me Quintana).
Cantemos uma canção com gemidos sensuais, para aproveitar a emoção de nossa dor.
Reciclemos a dor das feridas em coisas úteis, ou que nos dêem alguma imagem de glamour.
Do qual possamos nos vangloriar.
Tudo isso fique esposto
Direcionem os holofotes e circulem com Neon.
A pedra não tinha mais no meio do caminho primo.
Não aqui e agora.
Foi tinhar nos obscuros
Na falta de conhecimento de si
Na palvra que não se acha, ou que não se tem coragem de falar.
Se for só um torrãozinho de terra
Aos poucos vai se moendo
até se esfarelar e dispersar nas outras poeiras
Mas o problema é o seguinte
E se for um diamante?
Se achar, tá rico
Se não achar...
The long and winding road