Palavras não ditas

Coisas das quais se quer falar, mas não se pode

Coisas das quais se quer falar, mas não se deve

Coisas das quais se quer falar, mas não são faladas

Como tirar esse incômodo do coração

Se as palavras que lá estão

Como pequenas pedrinhas

Não são ditas

Pequenas pedrinhas no sapato

Uma pequena dorzinha a cada passo

Uma ferida aberta após um longa caminhada

De onde vem a falta de coragem?

Vem de quem a gente ama?

Vem do imagem que almejamos?

Vem dos sonhos que ainda esperamos realizar?

Parar, descalçar e tirar a pedra do sapato.

Mas ela não está lá.

Não está solta, a espera de sacolejo, para ser logo jogada de volta ao solo, e reintegrada à sua origem.

Está encondida.

Mas onde estão escondidas

Pedra, palavra e falta de coragem?

Escondamos também as feridas

Inventemos um novo andar gingado

Para disfaçar o mancar do pé sangrando

Disfarcemos os suspiros com canções, soluços e cigarros (valei-me Quintana).

Cantemos uma canção com gemidos sensuais, para aproveitar a emoção de nossa dor.

Reciclemos a dor das feridas em coisas úteis, ou que nos dêem alguma imagem de glamour.

Do qual possamos nos vangloriar.

Tudo isso fique esposto

Direcionem os holofotes e circulem com Neon.

A pedra não tinha mais no meio do caminho primo.

Não aqui e agora.

Foi tinhar nos obscuros

Na falta de conhecimento de si

Na palvra que não se acha, ou que não se tem coragem de falar.

Se for só um torrãozinho de terra

Aos poucos vai se moendo

até se esfarelar e dispersar nas outras poeiras

Mas o problema é o seguinte

E se for um diamante?

Se achar, tá rico

Se não achar...

The long and winding road

Sanyo
Enviado por Sanyo em 13/03/2011
Reeditado em 13/03/2011
Código do texto: T2846316
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