Desconstruir
Quando era menino os sonhos eram altruistas
Ser um bombeiro, intrépido herói de carne, osso e sangue
Desafiar fogos e tormentas por mil vidas, terminar o dia
com a satisfação dos campeões.
Um soldado com a honra no peito e o calor da pátria,
Defender a bandeira, mostrar a força da nação.
Mas os sonhos mudaram.Não, metamorfosearam.
Na cabeça adolescente precisava mudar o mundo.
O clamor da puberdade acreditava que o futuro estava nas mãos
quando mal sabia o que era o amanhã.
O que vale são as idéias, elas podem revolucionar um país.
Ser a cabeça do povo, liberto dos dogmas e limitações
do sistema decadente.
Salvar as baleias, a Amazônia, reciclar.
Mas as idéias mudaram.Não, desconstruiram-se.
Se não começar a traçar um caminho para o alto nada serei.
Os grandes exemplos? Nada de estadistas iluminados ou heróis com H maiúsculo.
Um punhado de intelectuais apaixonados por bytes que colheram fortunas. Um outro aí que teve uma pequena idéia e conseguiu o primeiro bilhão.
Ah! Eis os líderes da nova geração. Eis os super empreendedores, os hiper atletas, as mega modelos!
Vejo o reflexo, o menino se fôra, nada resta do jovem.
Nada resta.
O mundo está desmoronando e não se pode deter a queda.
Tudo o que resta? Tudo o que resta é a decisão.
Manter acesa uma lâmpada na tempestade?Iluminar um pouco
para alguns? Ou pular na água?