mormaço
vou rasgar um pedaço desse braço
que atravessa meu terreno todo
esse arroio de vida que alimenta
os gestos que correm teu regato
uma gota e outra na superfície
de contato entra forças opostas
em ritmo de coalizão
um choque
oceano guarda no peito um choro ribeiro
a gota no ar
entre a estrela no céu
e a estrela no mar
é o erguido espelho da verdade
fragmentando a lógica em miríades
de pesada inocência
uma jóia que para no osso do braço
próximo ao cotovelo
onde a boca vai colher orvalho já seco
bebe o sumo do tecido salgado
sente a sede crescer feito o medo
os dentes podem dar alguma segurança
um freio
vou rasgar um pedaço desse braço
que se derrama sobre todo meu desejo