Pensei
Pensei que as páginas da vida
Pudessem ser entendidas
Que as dúvidas inevitáveis
Fossem menos intrusas.
Pensei alcançar lugares ermos
Sem precisar dos segredos
Poder ser invadida pelo grito
Sem tocar silêncios aflitos.
Pensei não obstante
Ser a voz desse instante
O olhar que perambula
Em funesta gula
Entre os vãos restantes.
Pensei passar por vielas
Fazer delas minha passarela
Sem ser espremida pelos cantos.
Pensei no tapete negro da noite
Juntando os olhos
Afunilando visão
Sem dividir impressão.
Pensei escrever minha história
Sem engolir pingos
Respingos que apagam trajetórias.
Pensei ser a própria lembrança
Pétalas do lírio branco
O vaga-lume quebrando a noite
Farol aberto... o caminho certo.