passeio do vento em passagens
Transmigro em água:
fluído como o ópio das mariposas
transmigro em portas
que se fecham no abrir das horas
Transmigro em ruas
que bebem fogo:
o cheiro do asfalto
sega-me as salivas derretidas de janeiro
Transmigro na carne
como a hora que escapou do tempo
num ventre de flores soberanas
Transmigro o pó
do que é feito a fala cinza
e
semelhante a luz que esplode na sombra
arremesso-me de corpo inteiro
deitado no tempo que vem de longe
trazendo o cortejo de tuas fendas na água