DA MORTE E SEUS ENIGMAS
(Pequena prosa sem direção nem sentido)


Não sei onde estão meus pais, os meus avós, alguns parentes e alguns amigos. Não sei onde estão.
Não sei onde estão os bichos de estimação. Niki, o primeiro gato que recolhi na rua. Os viralatas Fox, Rex, Pongo. Não sei onde estão. A poodle Pitchu, a pastor alemão Menina, a labrador Punk e a beagle Nina.
Não sei onde estão. Estes seres todos morreram...
Recordo-me de cada um deles, pois sinto que trago deles alguma coisa em mim, sobretudo dos mais próximos. Dialogo bastante bem com esses conteúdos interiores e, assim, isso que trago permanece vive e sobrevive à passagem deles. Não fosse assim, a relação com a morte seria ruim. E a aceitação dela seria impossível.
Eu não sei onde você está. Recordo-me de tudo de todos os momentos e uma parte de você vive em mim, queira ou não, sem que eu possa ter escolha.
Eu não sei onde está você. Mas você não morreu. Saiu por aí...
Tento dialogar com isto que tem de você em mim e cada dia fica mais difícil. Até a sintonia já perco um pouco. A sintonia é uma espécie de magia entre duas pessoas que funciona só quando as duas querem. Quando uma não quer mais, é como uma porta que se fecha ou uma janela com pesadas e escuras cortinas. Quando isso acontece é uma espécie de morte que se experimenta, aquela que menos entendemos e a mais difícil de aceitar. Morta a magia todo o resto também morre.
Eu não sei onde você está. Mas você não morreu...
E quando a sintonia não dá seus sinais, fica a estranha sensação de que fui eu quem morreu.
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 13/03/2011
Reeditado em 29/07/2021
Código do texto: T2844721
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