A DOR

A dor corta a carne

(faca amolada)

Perfurando o âmago

Do ser

(onde mora o silêncio)

Que cresce, e pesa...

Arrastando a alma pelos

Caminhos

(concreto sobre areia)

Pêndulo a marcar os

Compassos

Nos pés de chumbo

(luta entre o real e o

ilusório,

pedra e sonho)

A ditar o ritmo de

Não ser,

(onde não há)

Onde não se é;

Flutuando sem o saber.

Luta inglória, corda bamba

Uma dança desconexa

Por onde se arrasta

Em prece

Um desejo insano

De febre desumana

(o humano é efêmero,

falível)

Puxando a vida por um

Fio tênue

Da imaginação.

O silêncio pesa, dor humana

Em mágica abstração:

Nada é explicável,

Nem a dor.

Apenas o silêncio da ausência

A ausência da existência

A existência do vazio...

Nada

Que flutua como um poste

Pronto a arrebentar as

Cordas do coração

(os fios condutores que

Irrigam a mente).

O nada pesa. O silêncio

Grita,

Louco; e fica rouco

Em profunda solidão.

A dor escorrega, escorrega...

E adormece;

Até acordar com o barulho

Do silêncio,

Por menor que seja

Em eterna vigilância da

Desintegração.

INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI
Enviado por INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI em 12/03/2011
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