A DOR
A dor corta a carne
(faca amolada)
Perfurando o âmago
Do ser
(onde mora o silêncio)
Que cresce, e pesa...
Arrastando a alma pelos
Caminhos
(concreto sobre areia)
Pêndulo a marcar os
Compassos
Nos pés de chumbo
(luta entre o real e o
ilusório,
pedra e sonho)
A ditar o ritmo de
Não ser,
(onde não há)
Onde não se é;
Flutuando sem o saber.
Luta inglória, corda bamba
Uma dança desconexa
Por onde se arrasta
Em prece
Um desejo insano
De febre desumana
(o humano é efêmero,
falível)
Puxando a vida por um
Fio tênue
Da imaginação.
O silêncio pesa, dor humana
Em mágica abstração:
Nada é explicável,
Nem a dor.
Apenas o silêncio da ausência
A ausência da existência
A existência do vazio...
Nada
Que flutua como um poste
Pronto a arrebentar as
Cordas do coração
(os fios condutores que
Irrigam a mente).
O nada pesa. O silêncio
Grita,
Louco; e fica rouco
Em profunda solidão.
A dor escorrega, escorrega...
E adormece;
Até acordar com o barulho
Do silêncio,
Por menor que seja
Em eterna vigilância da
Desintegração.