A existência e o tempo...
Em queda livre
Escorre o conteúdo
Da ampulheta...
Areia, suor,
Sangue, às vezes,
Fluem no perpassar
Do tempo...
E Cronos mostra
Que o que era sacro
Já não é tão importante;
Que os recônditos desejos
Não são mais tão ansiados;
Que existe um momento
Em que o nada se apodera
Dos nossos sonhos e ilusões
E passamos a não ter mais
Vontade de ter vontades...
O que nos era fenômeno
Transmuda-se em númeno
E o incompreensível
Torna-se-nos cognoscível...
O tempo nos confere
Esta coroa de placidez
Forjada na ourivesaria
Das vivências,
Onde as perlas e diamantes
São as cicatrizes
Que nos legaram
Ensinamentos
Em nosso caminhar...
E nesse caminho
Já não enxergamos mais
Nossos passos na areia,
Já não sabemos onde
E porque íamos...
E passamos a compreender
A nossa ínfima existência
Cuja história não vai além
De um átimo de segundo
Na areia do tempo...
(Danclads Lins de Andrade).