Fragmentos 55 [contravenções]

Às vezes a gente precisa de um amor eterno.

Noutras a gente padece.

Às vezes o universo.

Em outras, o inverso.

Talvez o nada.

Mas, a gente sempre quer tudo,

sempre quer mundo.

E, quando cansa,

tudo ao alto,

mero absurdo.

E a gente cansa.

Mundo desanda.

A gente padece.

Esquece, menino travesso.

Esvai-se peripécia.

Some ao largo, tudo.

Como se fosse finito.

Como infinito desmundo.

Ainda assim,

a gente precisa do que quer.

Quer aquilo que não precisa.

Deseja amor eterno,

mas desliza.

E tudo desvia.

Tudo devia.

Tudo empoeira.

A gente descansa,

padece,

desanda e

desaparece.

E a gente precisa de um calor eterno,

um etéreo sentido.

Um mundo bonito

cheio de ilusões.

No fim, sem mais,

Padece no limiar,

no cais.

Embebido em coisas banais.

Em amores efêmeros.

Em cheiros fiandeiros.

No lume,

sempre sem mais,

desvanece aos braços tortos,

sem calor, sem vida,

das divagações falidas,

do rumo perdido.