SOMOS TODOS IGUAIS

Somos todos iguais na miséria

o riso falso, os distúrbios

os contrastes, o calabouço

os destroços na mente

o banquete da alma

As escadarias de pedra

os escorregos de mármore

os pés descalços, as feridas

as imagens de santo

o desencanto na esquina

O estômago sem fome

a imagem sem foco

a distância sem ponte

a fonte que seca

a floresta de implantes.

Somos todos iguais

somos todos miseráveis

somos todos múmias

somos todos fúrias

somos todos somas

A cacimba que secou

o dente que caiu

o preço que subiu

a amante que morreu

no verão que invernou

Somos todos iguais

nos desencantos da figura

na fissura dos dedos

nas cáries dos dentes

na roupa do boneco de pano.

Somos tão diferentes

ao mesmo tempo que iguais

somos tão humanos

no tempo de brutais

sacerdotes em púlpitos infernais.

Somos sedentos insaciáveis

somos descrentes ajoelhados

somos espelhos no abismo

somos o choro de fome do filho

somos homens e animais.

INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI
Enviado por INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI em 11/03/2011
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