FLAGELAÇÃO

Ah, isto rói as entranhas

Incendeia o pensamento

Atiça toda e qualquer sanha

Mas controlar é preciso

É mister civilizar e mais ainda sublimar

Os instintos bestiais domar

Tomar dois chicotes de alfinetes de aço

E para o suplício partir

Tomar lições de aceitar e

De sorrindo

Assistir ao destino se cumprir

Com punhais as retinas ferir

Flagelos os piores curtir

A pele do corpo com as unhas extrair

Cuspir em flores

Santos ofender

Anjos expulsar

Aos pés do altar blasfemar

Heresias e impropérios proferir

Fazer uma bomba explodir

Aprimorar o tal de espírito

E em lugar de chorar e de sofrer

Conjugar os verbos renunciar e partir

Sorrir como uma demente

Que não percebe ao seu redor

Sorrir simplesmente por ser melhor

Cortar os dedos e desmaiar de prazer

Pois tudo isto e muito mais

É tão bom quanto morrer

taniameneses
Enviado por taniameneses em 10/03/2011
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