Pescador de emoção

"Um dia, me leve no seu barco! Assim decifro todas as formas que ainda não foram descritas na formação da tua maré-mulher." (Kal Angelus)

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Entre vendavais e bruma mansa

Levo meu barco afoito

Nas ondas do meu rio nati-morto;

- Dunas contra o remo!

Areias desconexas no tempo,

Entre a sofreguidão e o isolamento

Das margens opostas do coração.

Sobre águas turvas sigo o leito

Das curvas rasas cristalinas

dos meus perenes defeitos;

- Enigma da última maré!

Limpeza dos últimos refugos

De sonhos avesso à luz

Na rede da última emoção.

Dentro do córrego isolado

Aonde os mortos descansam,

Jaz resquício de sentimentos;

- Último remo ao enganado!

Barco sem quilha de vida

A navegar tua maré-mulher

Entre os sargaços da razão.

E os meus sargaços morrem sempre

Na praia de sonhos

De um cansado pescador de emoção!

Kal Angelus
Enviado por Kal Angelus em 06/11/2006
Reeditado em 06/11/2006
Código do texto: T283839