Pescador de emoção
"Um dia, me leve no seu barco! Assim decifro todas as formas que ainda não foram descritas na formação da tua maré-mulher." (Kal Angelus)
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Entre vendavais e bruma mansa
Levo meu barco afoito
Nas ondas do meu rio nati-morto;
- Dunas contra o remo!
Areias desconexas no tempo,
Entre a sofreguidão e o isolamento
Das margens opostas do coração.
Sobre águas turvas sigo o leito
Das curvas rasas cristalinas
dos meus perenes defeitos;
- Enigma da última maré!
Limpeza dos últimos refugos
De sonhos avesso à luz
Na rede da última emoção.
Dentro do córrego isolado
Aonde os mortos descansam,
Jaz resquício de sentimentos;
- Último remo ao enganado!
Barco sem quilha de vida
A navegar tua maré-mulher
Entre os sargaços da razão.
E os meus sargaços morrem sempre
Na praia de sonhos
De um cansado pescador de emoção!