Sobras da noite
Das pretensões
Restou a direção
Dos versos espremidos
O rabisco da emoção.
Notas recolhidas
Solfejos emitidos
Daquela imensidão.
Abolidas de tantas coisas
As culpas imerecidas
Compulsória devolução.
Juras curtas
Ressoam pensamentos
As sobras da noite
Que revira o tempo.
Feito fio da navalha
Um corpo na cama espalha
A face do sol curva-se arrebol
Nas bordas do lençol.
Ventos algozes
Baila fumegando chama
Ateando fogo a lenha
E para além do castigo derrama.
Pela fresta da janela
Deita a face negra da lua
Vestindo o corpo
Dessa sombra... nua.