Entulho
Silêncio tão espesso,
que nem se lembra do começo.
Recluso do Mundo,
sou esse largo e profundo
Oceano de água vertida,
sem acácia florida.
Entre o rigor do orgulho
e o breu do mergulho,
vagueio entulho.
Que fim levou
o que conheci?
As árvores que vi
e os ardores que senti?
E pensar que ainda ontem,
tudo estava ali...
A vida em croqui
no lápis d´algum deus
que planeja inúteis retas
e vagos ângulos,
além dos triângulos
que atravessei
nos choros que chorei
pelas dores que só eu sei.
Estou só como tu,
*anjo deformado.
Gauche e parado,
enquanto a vida passa ao lado.
* da poética de Carlos Drumonnd de Andrade.