Átila

Naquele instante, entregue ao cansaço dos anos passados,

deitou a cabeça no meu colo,

como se o tempo que passamos juntos

viesse à memória pelo cintilar branco do olho.

Uma amizade conquistada pelos anos de convívio...

Amigo meu, que me amou sem nada pedir

um real amigo, sem fronteiras de raças.

Como pode um ser ignorante

transmitir verdadeiros sentimentos a um homem

apenas através do olhar e da expressão fisionômica?

Recordo o dia em que o comprei...

Cabia na palma da mão...

Chorava de frio, aconchegava-se ao meu pescoço.

Ensinou-me sobre a humildade sem ser humilde.

Mostrou-me como ser paciente,

reensinou-me a amar e a me preocupar com o que é cativante.

Mostrou-me a simplicidade de ser simples para amar,

convidando-me assim, a ser feliz com tão pouco a querer.

Sua sapiência, sem sabedoria,

lembra-me o quanto ainda somos inferiores.

Uma raça por outra raça, tanto faz...

o sentido real do amor foi esquecido entre os homens,

mas que os animais usufruem sem a menor vergonha.

JorgeBraga
Enviado por JorgeBraga em 09/03/2011
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