TRATADO À LÁGRIMA

A que te anuncias:

és dor ou felicidade?

És espelho nu

mostrando a face única;

és a face oculta

do espelho gerador.

O riso te provoca

A dor te excita.

Sem fórmula surges

do âmago humano

na sobra fictícia de

um sensível ser a arder

no berço da criação.

Sem cor despontas

entre cores ímpares

em faces rústicas

do braçal lutador.

Quem és a desmontar

a máscara de ferro

do homem-máquina

na avançada espécie

esquecida de se compadecer?

Teu brilho acende a

esperança de um mundo

escapado e corcunda

a acordar do profundo sono

para ver o sol nascer.

A composição não interessa

nem mesmo o canal

que irriga o olho do ser

alheio ao caminho trilhado.

O sal tempera a pele

a fertilizar os poros

no pôr-do-sol

de um dia qualquer.

Por que foges?

O sol não nasce mais

a contento

os pés não pisam mais

o terreno

da poesia ao entardecer.

Mas sempre voltas:

no nascente ou no poente

nos gritos do silêncio

na dor que perfura a força;

e deslizas timidamente

na veracidade da face

do espelho de ser.

Mel e sal a acender a vida.

INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI
Enviado por INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI em 07/03/2011
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