TRATADO À LÁGRIMA
A que te anuncias:
és dor ou felicidade?
És espelho nu
mostrando a face única;
és a face oculta
do espelho gerador.
O riso te provoca
A dor te excita.
Sem fórmula surges
do âmago humano
na sobra fictícia de
um sensível ser a arder
no berço da criação.
Sem cor despontas
entre cores ímpares
em faces rústicas
do braçal lutador.
Quem és a desmontar
a máscara de ferro
do homem-máquina
na avançada espécie
esquecida de se compadecer?
Teu brilho acende a
esperança de um mundo
escapado e corcunda
a acordar do profundo sono
para ver o sol nascer.
A composição não interessa
nem mesmo o canal
que irriga o olho do ser
alheio ao caminho trilhado.
O sal tempera a pele
a fertilizar os poros
no pôr-do-sol
de um dia qualquer.
Por que foges?
O sol não nasce mais
a contento
os pés não pisam mais
o terreno
da poesia ao entardecer.
Mas sempre voltas:
no nascente ou no poente
nos gritos do silêncio
na dor que perfura a força;
e deslizas timidamente
na veracidade da face
do espelho de ser.
Mel e sal a acender a vida.