Soneto de Carnaval

Distante o meu amor, se me afigura

O amor como um patético tormento

Pensar nele é morrer de desventura

Não pensar é matar meu pensamento.

Seu mais doce desejo se amargura

Todo instante perdido é um sofrimento

Cada beijo lembrado uma tortura

Um ciúme do próprio ciumento.

E vivemos partindo, ela de mim

E eu dela, enquanto breves vão-se os anos

Para a grande partida que não há fim.

De toda a vida e todo o amor humano:

Mas tranquila ela sabe, e eu sei tranqüilo

Que se um fica, o outro parte a redimi-lo.

Vinicius de Moraes - antologia poética

zilvaz
Enviado por zilvaz em 05/03/2011
Código do texto: T2830330
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