AS ESCADARIAS
Desço as escadarias como quem
segue para o infinito
roupa de gala, traje de fim de
século, ar de tremor estrutural
como a vitória de uma revolução
Passo a passo a história vai
sendo remoída pelos calcanhares
com música de fundo em acalanto
Sem ouvir sons, canto para as
Estrelas num sorriso de inebriar
Restos de poeira desenham as
marcas dos sapatos na imaginação
e o manequim faz versos tristes
que inventam lágrimas num
sorriso de destino celestial
Sujos os pés, o vento leva a marca
arregalando os olhos do próximo
e as escadarias aproximam-me do sol,
abençoando em toques de dedos
o mergulho fatal à eternidade.
(Obs.: poema publicado no livro Assim se Fez)