AS ESCADARIAS

Desço as escadarias como quem

segue para o infinito

roupa de gala, traje de fim de

século, ar de tremor estrutural

como a vitória de uma revolução

Passo a passo a história vai

sendo remoída pelos calcanhares

com música de fundo em acalanto

Sem ouvir sons, canto para as

Estrelas num sorriso de inebriar

Restos de poeira desenham as

marcas dos sapatos na imaginação

e o manequim faz versos tristes

que inventam lágrimas num

sorriso de destino celestial

Sujos os pés, o vento leva a marca

arregalando os olhos do próximo

e as escadarias aproximam-me do sol,

abençoando em toques de dedos

o mergulho fatal à eternidade.

(Obs.: poema publicado no livro Assim se Fez)

INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI
Enviado por INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI em 05/03/2011
Reeditado em 05/03/2011
Código do texto: T2829804