SONHOS DE MENINO

Aquele menino que eu fui,
Ainda vive em mim todo dia,
Hoje seus sonhos são todos meus,
Minhas realizações são todas suas.

Das caminhadas nas estradas de chão,
Assoviando modas de violeiro
E os sonhos que vagavam em filmes,
Que ainda assisto na tela da minha vida.

Da moça formosa que queria fosse minha,
E que me abraçasse como nos filmes de mocinho,
Que eu roubaria na calada da madrugada,
E a levaria comigo e a faria minha para sempre.

Nos moços formosos que eu me via,
E que me escondia no seu espelho,
Encantaria todas as moças belas,
E com todas repetiria pecados mil.

Eta viagem no tempo,
Nas madrugadas frias de solidão,
Nas músicas em cuja garupa tanto viajei,
E os monstros que tanto me assustaram,
Das camas grandes que me acolhiam só.

Agora viajo no porvir,
Sossego embalado por quem me ama,
Não roubei a moça formosa,
Ela veio livremente e livremente me quer,
E bendigo a cama que já acolhe dois,
As vezes pequena para quem tanto se dá.

E continuo caminhando na estrada do menino,
As mesmas viagens, o mesmo cheiro, o mesmo matagal,
Desejos semelhantes, aflições bobas se repetem,
Cantarolo as mesmas músicas, agora em violino,
Pois ainda sou menino e sonho a vida da mesma cor.