OS OLHOS DAS ASAS
Os dias voam lépidos a planarem
no ar em asas de uma
garça triste;
e inventam a prosa para o tempo dos
livros na mentira da memória.
Cai indiferente uma neblina íngreme
a penetrar nas pausas da sonata
na simplória manhã;
molha a alma, frágil aurora
embalada pela flora fértil da estação.
A memória profana o espírito dos
mistérios insondáveis da cria
na solidez das horas;
plantando rocha nos escombros etéreos
dos lábios fétidos da história.
As asas planam indiferentes ao tempo,
mórbido pai da mente
a pesar nas costas;
lapsos de harmonia no distante olho
a focar o verde no calor do estômago.