OS OLHOS DAS ASAS

Os dias voam lépidos a planarem

no ar em asas de uma

garça triste;

e inventam a prosa para o tempo dos

livros na mentira da memória.

Cai indiferente uma neblina íngreme

a penetrar nas pausas da sonata

na simplória manhã;

molha a alma, frágil aurora

embalada pela flora fértil da estação.

A memória profana o espírito dos

mistérios insondáveis da cria

na solidez das horas;

plantando rocha nos escombros etéreos

dos lábios fétidos da história.

As asas planam indiferentes ao tempo,

mórbido pai da mente

a pesar nas costas;

lapsos de harmonia no distante olho

a focar o verde no calor do estômago.

INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI
Enviado por INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI em 04/03/2011
Reeditado em 04/03/2011
Código do texto: T2829146