DUETO SOLITÁRIO

Escrevo quando minha alma está negra. Não conheço as letras de festa. Minhas notas musicais são mudas e mesmo assim carrego comigo as partituras. O som do nada, a quietude de uma canção para surdos é o que tenho levado comigo, meu amado, meu amigo...

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Sou um homem que te quis e não pude levá-la.

Sou um homem que pude amá-la até a metade do livro.

Os meus poemas não eram para ti, minha querida.

Foi engano, me desculpe.

Não fui forte o suficiente para lhe contar a mentira.

Eu te amo, mas não te posso.

Há só um ponteiro em meu relógio de ouro e não sei marcar o tempo.

Me perdoe, mulher.

Por não editar todas as cartas que a mim foram enviadas.

Continuarão como estão, esquecidas pelos séculos.

Até que alguém as encontre, reescreva e possa dedicá-las a mim novamente.

(Quando eu for pássaro

E realmente quiser voar contigo)