O soldado Batista

Batista era soldado, hoje está morto,

Também como Batista estou mudado,

Batista tinha um lar, que era o seu porto,

Tinha eu também um porto ao meu cuidado;

Batista era risonho, se sonhava,

E as pedras do caminho – ele as erguia,

Também eu em quimeras divagava

E às feras e aos espinhos – não temia.

O tempo devorou-lhe o barro santo

Que aos vermes foi lançado em terra dura,

A mim furtou a vida o seu encanto

E minha mágoa já não tem mais cura.

Batista era divino, assim falavam,

Todos que o conheciam o diziam,

Seus feitos os mais velhos consagravam,

Jovens a seus conselhos assentiam.

Como Batista, que se fez cadáver,

A quem não brilha mais a luz do dia,

Dentro de mim carrego o meu cadáver,

Minha’alma podre e minha carne fria.

João Brasil
Enviado por João Brasil em 03/03/2011
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