O soldado Batista
Batista era soldado, hoje está morto,
Também como Batista estou mudado,
Batista tinha um lar, que era o seu porto,
Tinha eu também um porto ao meu cuidado;
Batista era risonho, se sonhava,
E as pedras do caminho – ele as erguia,
Também eu em quimeras divagava
E às feras e aos espinhos – não temia.
O tempo devorou-lhe o barro santo
Que aos vermes foi lançado em terra dura,
A mim furtou a vida o seu encanto
E minha mágoa já não tem mais cura.
Batista era divino, assim falavam,
Todos que o conheciam o diziam,
Seus feitos os mais velhos consagravam,
Jovens a seus conselhos assentiam.
Como Batista, que se fez cadáver,
A quem não brilha mais a luz do dia,
Dentro de mim carrego o meu cadáver,
Minha’alma podre e minha carne fria.