A CHAMA
A CHAMA
A última chama é a que mais queima
Como o rejeitando quer, fica e teima
Como brasa escondida nas cinzas
O polvo que solta as suas tintas
A vela pelo capricho do vento dá o suspiro
Na ponta da corda pela dor dou meu suspiro
Na praia uma jubarte encalhada dá o suspiro
E a mãe ao ver o filho nascido dá o suspiro
O ciclo acaba com o termino da parafina
O ciclo acaba sem o óleo para a lamparina
O ciclo acaba quando um já não quer mais
O ciclo acaba quando o desejo não dá sinais
O sofrimento queima para ambos
Não importa nossos xurumbambos
E no fim restarão apenas os negrumes
Os perfumes terão odores de estrumes
É o ciclo do que um dia foi calor
Que pelo carma gerou mais dor
Consumindo todo nosso semblante
Não restando nada de brilhante.
Resta apenas caminhar até a praia
Escutar a algazarra de uma jandaia
E tentar prosseguir em nossa vida
Mesmo que esta pareça ser perdida
Fui!
André Zanarella 25-02-2011
Xurumbambos = badulaque, enfeites para a pele