ALEGRIA DESFRAGMENTADA

ALEGRIA DESFRAGMENTADA

Permita-me contar a piada

De dois risos que não se viam

E remetiam a graça dos dias

Pelo correio eterno das esperanças...

Permita-me contar essa piada sem graça,

Deixe-me contar a própria piada da vida,

Numa alegria desfragmentada na praça,

Limpando a rua - cheia e vazia - de cores,

Ouvindo o vento contando essa piada que passa

E vendo o tempo propondo outros "novos" amores...

Disseram-me, ontem, uma nova piada,

Tão sem graça e insípida como qualquer rotina,

Como o próprio tédio de não pensar mais nada,

Na euforia efêmera da emoção mais fina,

Mas eu quero mesmo é uma alegria pura, desfragmentada,

E não condicionada à ilusão da rima !

Quero a alegria indelével e infantil das tardes,

Alegria luminosa de esperanças mil,

Não quero alegrias bêbadas de covardes,

Quero a alegria sóbria que não sucumbiu

Aos tremores de tantas tempestades,

Alegria desfragmentada, como o azul do céu - anil,

Alegria, pra não dizer mais nada, em soluços sem resquícios,

Quero apenas alegria lúdica, desfragmentada e simples,

Sem fragmentos vastos de vagorosos vícios.

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