OBSERVANDO ROSAS

Ó rosa por que não escondes

Da tua haste o espinho

Se no jardim, entre as flores,

Sempre foste a mais formosa?

Será que foi desengano

Que a fez tão prevenida

A ponto de ferir a mão

Que carinho lhe dedica?

Teu frescor me surpreende

Ó bela rosa carmesim,

Faz-me lembrar o dia

Que no altar eu disse “sim”.

Para mim és como um livro

Aberto em páginas de pétalas,

Fechado é severo cofre

Guardando secretos desejos.

Ó vento não despetales

A vermelha rosa da paixão,

Tingida que foi um dia

Com o sangue do coração.

Nada se iguala a ela

Em perfume, beleza e cor,

Maciez de tenro seio

Corpo de jovem mulher.

Amiga na hora derradeira

Entre soluços amargos

Enfeita o leito de quem dorme

O sono da eternidade.

E quando chegar teu fim, minha rosa,

Usarei de pompas e circunstâncias

Para sepultar-te seca entre as lembranças

Do dia em que viçosa, a mim, tu chegaste.

26/06/05.