Poema Chinfrim
Esse poema roto, gasto, chinfrim
Pula de mim...
Que também sou assim.
Gosto daquele jeans surrado,
Do tênis velho e rasgado que me confortam os pés.
De sentar nos banco das praças a observar madrugadas festeiras,
Conversar com o cão desconfiado que me olha de soslaio pronto para fugir.
Ouvir o canto da noite, os bêbados e suas proezas, a sirene apressada que corta a rua marginal, e dobra para o hospital.
Nada melhor que o cachorro quente daquela esquina,
A cerveja gelada daquele isopor, o batom borrado daquela menina
Que já nem lembra quem lhe beijou.
Caminhar até a praia numa noite de verão
Escrever versos na areia
E deixar que ondas implicantes, os engula. E voltem debochadas.
Ver passar o catador de latinhas, o catador de papelão, o catador de ladrão em sua viatura.
A noite também passa como uma ladra do tempo,
Eu fico...
O poema chinfrim me acompanha,
Sacudo a areia do velho tênis,
Desdobro a barra da calça jeans surrada
E seguimos pela calçada
Jogando versos ao vento.