Ruínas

Ruínas

Quase nada restou do branco caiado

Nas fortes paredes do velho sobrado

Nas rachaduras expostas:

(feridas do tempo)

Crescem avencas e teias de aranhas

Brotam suspiros, vermelhos e azuis

Os musgos avançam rumo ao telhado.

Subindo as paredes do antigo sobrado

O vento reclama através das janelas

Gemidos se libertam das pedras frias

No assoalho solto, ouvem-se os passos

Da dança ritmada com melodia

Dos risos alegres, dos beijos ardentes

Da vida que há tempos, ali existia.

Quase nada restou do sótão esquecido

Prisão dos meus medos e fantasias

Ainda hoje, vejo em sua janela

Uma moça tristonha, chamada Maria.

Quase nada restou do velho sobrado

Povoado agora, por mistérios sem fim

Por criaturas estranhas vindas da noite

Voando... Voando em volta de mim.

Perpétua Amorim
Enviado por Perpétua Amorim em 04/11/2006
Código do texto: T281961