VOU EGNORAR-TE
V O U I G N O R A R – T E
Anseio por solidão
Fujo do espectro que sou eu
Carrego na lembrança só seu nome
Vago sem saber o caminho
Na falsidade me encontrarias sorrindo
Verdadeiramente faço silêncio
Deveria gritar
Mas vou ignorar-te
Fazes-me de bobo infantil
Escarnece em falácias de imitação
Gargalha, vira-me a costa e rebola
Falta só bater-me na face
De que vale o choro?
Para que súplicas?
Meu sofrimento não chega a ser espinho
Tão pouco é afetação
Porém não é branda a angústia
Sou despojado de alegrias
Pergunto-me: por que estou sozinho?
Irrisória a razão
Sei que meu banzo é ridículo
Minha tristeza é incompreensível
Contudo não vou aplaudi-la
Apenas aceito sua aversão
Foste especial no meu mundo
Obrigado! Aprendi a lição
Não mais tenho por ti nem simpatia
Hoje sou eu a repudiar-te
Em pensamento te afago
Nem percebo você distante
Dissolvo este querer
Acabou o conflito
(julho/1985)