Passatempo
Os desejos esbarram nas indisposições...
Sono, cansaço, dores, preguiça.
Amor que sobreviveu nos intervalos,
quando o retorno era esperado e marcado pela ansiedade,
pelo arrepio nas costas, suor nas mãos
e pelo brilho nos olhos...
Quanto engano...
Apenas um lado do pano,
e o olhar no relógio da sala...
Hoje a vontade de levantar a saia, pisotear o chão,
fazer beicinho por um chamego,
e chorar até se esgotarem as lágrimas,
até entrar em depressão...
Esse amor de passatempo...
Quando servia para substituir pessoas ausentes,
pensou ser o verdadeiro caminho e acabou sendo tão somente o atalho.
E essa chuva que molha meus olhos...
é a única carícia no telhado.