AMBIGUIDADE
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Quando escrevo
e meus versos apresento,
não estou buscando
compreensão...entendimento...
Nem pedindo abraços, nem
algum contentamento.
Se digo que sou triste,
bem triste é meu lamento.
Choro muito, ou porque quero
ou também porque preciso.
Mesmo assim, não tente secar-me as lágrimas
nem estancar meu pranto
pois tudo é, quase sempre, intensidade
das coisas do momento.
Sim, confesso, eu exagero tanto!
Nem sou assim essa desgraçada,
que vive sob negro e espesso manto.
Não preciso de amparo,
tampouco de alguém que cure meu desencanto.
Pecadora, uso indevidamente o dom
de desenhar com as palavras
todo e qualquer sentimento...pensamento...
E exagero tanto, muita vezes,
transformando o belo em caricatura,
fazendo de mim uma criatura
da minha hábil imaginação.
Às vezes falseio a realidade
sob as lentes da fantasia,
e tudo então é, quase sempre,
uma mentira que se agiganta.
Outras, a tristeza é pura, a dor é tanta...
e a poesia que brota em mim,
é tola, é mártir, é meio louca e meio santa!
Mesmo assim, não quero alento,
não quero abraços...
Nem queira me ensinar a mesma dança
em outro ritmo e compasso.
Nesses momentos de vida e morte,
verdade e mentira,
basta-me papel, caneta e
as palavras se derramando,
desfazendo nós, revelando fatos,
traçando rumos, conduzindo os passos,
refazendo mapas, ensaiando atos,
me sequestrando e me devolvendo
ao meu mundo mesclado
de flores e frutos, de pedras e raios,
de seda e plástico, veludo e aço.
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