AMBIGUIDADE

********************

Quando escrevo

e meus versos apresento,

não estou buscando

compreensão...entendimento...

Nem pedindo abraços, nem

algum contentamento.

Se digo que sou triste,

bem triste é meu lamento.

Choro muito, ou porque quero

ou também porque preciso.

Mesmo assim, não tente secar-me as lágrimas

nem estancar meu pranto

pois tudo é, quase sempre, intensidade

das coisas do momento.

Sim, confesso, eu exagero tanto!

Nem sou assim essa desgraçada,

que vive sob negro e espesso manto.

Não preciso de amparo,

tampouco de alguém que cure meu desencanto.

Pecadora, uso indevidamente o dom

de desenhar com as palavras

todo e qualquer sentimento...pensamento...

E exagero tanto, muita vezes,

transformando o belo em caricatura,

fazendo de mim uma criatura

da minha hábil imaginação.

Às vezes falseio a realidade

sob as lentes da fantasia,

e tudo então é, quase sempre,

uma mentira que se agiganta.

Outras, a tristeza é pura, a dor é tanta...

e a poesia que brota em mim,

é tola, é mártir, é meio louca e meio santa!

Mesmo assim, não quero alento,

não quero abraços...

Nem queira me ensinar a mesma dança

em outro ritmo e compasso.

Nesses momentos de vida e morte,

verdade e mentira,

basta-me papel, caneta e

as palavras se derramando,

desfazendo nós, revelando fatos,

traçando rumos, conduzindo os passos,

refazendo mapas, ensaiando atos,

me sequestrando e me devolvendo

ao meu mundo mesclado

de flores e frutos, de pedras e raios,

de seda e plástico, veludo e aço.

*********************

NINNA SOPHIA
Enviado por NINNA SOPHIA em 27/02/2011
Reeditado em 27/02/2011
Código do texto: T2818317
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.