CANSAÇO


Estou cansada, é claro,
De que estou cansada, não sei:
Pois o cansaço fica na mesma.
É eu estar existindo - me consumindo - pensei
Com tudo aquilo que contém,
no contrário que se desdém

Como tudo aquilo que nele se desdobra
É uma sensação abstrata - da vida concreta
É uma quantidade de desilusão
Que me entranha num domingo às avessas
Um feriado passado no sentimento em abismo...
um grito por dar, uma angústia por sofrer,
Como quê?...

E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá,
Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.
Que é a guitarra de um, e o violão do outro,
e a voz minha!
Com um cansaço antecipado de tudo,
Com uma saudade prognóstica e vazia.





Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 26/02/2011
Código do texto: T2817077
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