E eis que há chuvas no mar...
E a chuva que cai imensa sobre o mar,
mistura nuvens à procura de um lugar,
ousando melodias e, em seu estranho cantar,
soluça espumas - névoas pelo meu olhar.
A chuva, pelo mar, em toda a intensidade,
ao aspergir, insana, restos de saudades,
recolhe ares de todas as eternidades
e nada ondas revoltas ao querer pousar.
Sobem aos céus os mais ínfimos segredos,
ressoam ecos úmidos destes meus medos
e cai uma gota, única, como a esperar...
Todas as outras gotas, de tristes temores,
navegam por rumos de perdidos desamores
e cobrem-se pranto, nas areias, a descansar.
Todos os sonhos adormecem, e já molhados,
são murmúrios de outros sons desenrolados,
refletem-se e roubam, em brilhos prateados,
desordenados vôos de ilusões fugidas,
as luzes do mar, esta alma e outra vida.
E chorem lágrimas a vagar,
pelas chuvas que caem no mar...