A TRISTE FIGURA

Uma púrpura imagem vem á tona

Emerge firme do esquecimento

A tinta abranda a amnésia, e no blecaute

Dessa cor bruma surge uma luz descarnada

A aquarela insurge a idéia de absurdo

Pois ao que se opõe

Ao mesmo tempo contra-poe

Retratando o que o tempo desfigurou

E foi inumado sem cerimônias

Apenas uma lacuna ficou durante a eternidade

Imortalizada nessa moldura

Sem entendimento com uma beleza singular

Como a dor dos poemas mortos

Do poeta que chora a perda eterna

Do ser que outrora desfaleceu seu anseio

E apenas solitária magoa lhe acompanha uma taça

Para brindar essa falta.

Não há pintura mais triste de fundo

Do que a de uma criança desalenta no mundo

Lançada a sorte de tudo.

Selecione, agora e imprima mentalmente

O que lhe intitulo

Pois quando enojares seu pedido, o furto.

Sua arte de subexistir nesse casulo

Rasgando mais a paralela fresta

Dessa sociedade funesta

Que ela enoja

E ao mesmo tempo se torna a escoria.

Cristiano Leandro
Enviado por Cristiano Leandro em 25/02/2011
Reeditado em 25/02/2011
Código do texto: T2814805
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