A TRISTE FIGURA
Uma púrpura imagem vem á tona
Emerge firme do esquecimento
A tinta abranda a amnésia, e no blecaute
Dessa cor bruma surge uma luz descarnada
A aquarela insurge a idéia de absurdo
Pois ao que se opõe
Ao mesmo tempo contra-poe
Retratando o que o tempo desfigurou
E foi inumado sem cerimônias
Apenas uma lacuna ficou durante a eternidade
Imortalizada nessa moldura
Sem entendimento com uma beleza singular
Como a dor dos poemas mortos
Do poeta que chora a perda eterna
Do ser que outrora desfaleceu seu anseio
E apenas solitária magoa lhe acompanha uma taça
Para brindar essa falta.
Não há pintura mais triste de fundo
Do que a de uma criança desalenta no mundo
Lançada a sorte de tudo.
Selecione, agora e imprima mentalmente
O que lhe intitulo
Pois quando enojares seu pedido, o furto.
Sua arte de subexistir nesse casulo
Rasgando mais a paralela fresta
Dessa sociedade funesta
Que ela enoja
E ao mesmo tempo se torna a escoria.