DISCRETA DIGRESSÃO
DISCRETA DIGRESSÃO
por Juliana s. Valis
Antes, não sei muito bem o que havia
De tão diferente, único e abstrato,
No oceano profundo do seu olhar...
Só sei que adorava a conotação de paz
Que seus olhos tinham
E o modo único como eles refletiam
O próprio - e infinito - mistério da vida...
E sentia, repentinamente, o grito das horas
Escapando, entre os segredos múltiplos,
Do seu piscar de olhos...
Eu poderia falar sobre tudo e nada,
Sobre a infinita e efêmera passagem do tempo,
Sobre a viagem de cada sentimento estrangeiro,
Sem passaporte carimbado pelo coração,
Numa discreta digressão teórica...
Eu poderia falar sobre a emoção humana,
Sobre a realidade insana que desafia a alma,
Mas nada disso me abala ou me acalma
Tanto - ou mais - quanto o labirinto do seu olhar...
E, agora, simplesmente parei,
Não sei onde deixei meus óculos,
Não sei onde deixei minha calma,
Não sei onde deixei você,
Talvez refletido na minha alma,
E ainda esqueci a caneta e a poesia
Que me escrevem em algum lugar,
Numa discreta digressão sem parênteses,
Mas do que mesmo eu queria - no início - falar ?
Ah, sim, antes, não sei bem o que havia
De tão diferente, único e abstrato,
No oceano profundo do seu olhar.
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