Hipócrita Social
O gozo
Estremecido
Público
Proibido
Impuro
Aliás – tudo -
neste mundo
Que é bom
Ou é sujo
Ou é proibido
Ou é de puta
Ou não é de ninguém.
A culpa é de quem?
Ou é do ladrão ordinário
Ladrão de galinha, ladrão de mulher
Ladrão que rouba virgindade de velhas
Que santifica biscate, que faz coro no além.
E a culpa é de quem?
Ou é do bêbado
Que fala alto
Que bebe cachaça no gargalo
E que faz poesia
Que faz serenata
Pra dona Maria
Mulher pura
Mulher casada
Que estremece de gozo molhado
No bafo de cachaça
Do seu bêbado amado.
Ou é do “drogado”
Que não passa de um drogado
Sem alma e sem sapato
Que anda descalço
Aos olhos de quem?
Apenas do mundo
Da máscara social
De todos que julgam
Mas que,
Dos que estremecem também
De gozo no além
No colo de alguém
Na mágica hipocrisia social.