TEXTO
Meu texto já não me pertence mais
A partir do momento em que eu o
Ponho numa lauda.
As interpretações do que escrevo
São múltiplas e idiossincráticas, são
Todas verdadeiras, à sua maneira.
Um texto é o portal que se abre para
O poeta e para o leitor, lugar que o ato
De criar é compartilhado por ambos.
O poeta cria ao escrever alguma coisa,
Qualquer coisa, o leitor [re] cria quando
Ler e interpreta o que foi escrito.
Não há julgamento pré-estabelecido acerca
Do certo ou do errado inerente à compreensão,
O que existem são compreensões.
Às vezes a ‘co[n]-fusão’ é tão significativa
Que perdemos de vista a quem devemos atribuir
O ato criador: ao escritor ou ao leitor.