Sala de visitas
A saudade que eu tenho é de beijar e dar amassos
Independente de quem seja serve qualquer boca
Não quero mais sofrer por quem nem lembra
Que deixou uma mulher sozinha, leve e solta.
Não que eu seja do tipo que aceita qualquer um
Mas já não suporto ser o brinquedo de quem não ama
Nem a si, nem a mim, nem é capaz de amar a ninguém
Porque é vazio, amargo e no peito não tem acesa a chama
Da vida que grita para se libertar da escuridão
Que é o interior dos homens a quem eu pensava amar.
Mas o que eu quero é abraçar um corpo totalmente nu
Sentir o cheiro de desejo emanando da pele a suar.
Quero me movimentar, suar, arfar, matar a vontade
De estar com alguém que deseje minha companhia
E quem sabe nesse momento eu esqueça daquele que me esquece
Não lembre que ele me deixou a esperá-lo sozinha.
Quero esquecer a lembrança que já não é tão viva
Como outrora era logo após a partida do ingrato
Não mais o vejo e nem sinto sua companhia o tempo todo
Preenchendo tudo desde a pequena cozinha até o nosso quarto.
Não quero nem saber se um dia ele realmente voltará
Pois em todo esse tempo não demonstrou a mínima saudade
Não quis saber se eu estava triste amargando solidão
E se o amor que eu senti ia aguentar viver em liberdade.
Sempre respeitei todos que passavam por minha vida
Independente de como o sujeito se portasse comigo
Mas agora não quero e não vou ser uma boa moça
Não serei mais a criança que se comporta por medo do castigo.
Se não me amas, se não me queres, então, vai e não te viras
Segues sem se importar com quem aqui ficará sozinha
Esquece meu endereço e o cheiro do meu corpo
Porque nos meus braços não terá mais espaço a tua covardia.
Seguirei andando leve, solta, mas não estarei mais sozinha
E serás só mais uma lembrança em breve distante
Vou me acostumar com outra boca e corpo sem dificuldade
Na sala da minha vida terás sido apenas só mais um visitante.